quinta-feira, 28 de julho de 2011

Desapego


Nice Baêta

Meus queridos.
Hoje enquanto procurava uns papeis que desapareceram no meio da minha bagunça.
Decidi fazer uma pajelança.
Me senti como uma feiticeira
Peguei notas antigas, duas agendas uma de 2006 outra de 2008, contas, recibos,
Milhares de papeis, rascunhos, esboços, muitos cálculos, cadernos amarelados, receitas, cartas, planos...
Minha gente como guardamos coisas...
Lembranças umas boas outras ruins...
Acho que até que há uma certa dose de nostalgia nisto.
Mas é chegada a hora de aliviar o fardo.
Abrir para novas idéias e desentulhar o coração e as gavetas.
Que venha o novo.
Que venha o desapego...
Queimei tudo...
Revirei as cinzas...
Depois que estavam frias...
Transformei em adubo...
Adubo de lembranças.



Vanusa - Letra da Música Mudança
Hoje eu vou mudar,
Vasculhar minhas gavetas
Jogar fora sentimentos
E ressentimentos tolos.

Fazer limpeza no armário,
Retirar traças e teias
E angústias da minha mente.
Parar de sofrer
Por coisas tão pequeninas.
Deixar de ser menina p/ ser mulher.

(hoje eu vou mudar
Por na balança a coragem
Me entregar no que acredito
Para ser o que sou sem medo.
Dançar e cantar por hábito
E não ter cantos escuros
Pra guardar os meus segredos.
Parar de dizer
Não tenho tempo pra vida
Que grita dentro de mim me libertar...

=declamado=
(hoje eu vou mudar
Sair de dentro de mim e não usar somente o coração,
Parar de contar os fracassos,
Soltar os laços e não perder as amarras da razão,
Voar livre com todos os meus defeitos
Pra que eu possa libertar os meus direitos
E não cobrar dessa vida nem rumos e nem decisões.
Hoje eu preciso e vou mudar.
Dividir no tempo e somar no vento
Todas as coisas que um dia sonhei conquistar,
Porque sou mulher como qualquer uma,
Com dúvidas e soluções com erros e acertos,
Amores e sabores,
Suave como a gaivota e felina como a leoa,
Tranquila e pacificadora
Mais ao mesmo tempo irreverente e revolucionária,
Feliz e infeliz, realista e sonhadora,
Submissa por condição mas independente por opinião,
Porque sou mulher
Com todas as incoerências que fazem de nós o forte sexo fraco.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Casa Arrumada

Carlos Drummond de Andrade (1902-1987)


Imagem do Google
Casa arrumada é assim:
Um lugar organizado, limpo, com espaço livre pra circulação e uma boa
entrada de luz.
Mas casa, pra mim, tem que ser casa e não um centro cirúrgico, um
cenário de novela.
Tem gente que gasta muito tempo limpando, esterilizando, ajeitando os
móveis, afofando as almofadas...
Não, eu prefiro viver numa casa onde eu bato o olho e percebo logo:
Aqui tem vida...
Casa com vida, pra mim, é aquela em que os livros saem das prateleiras
e os enfeites brincam de trocar de lugar.
Casa com vida tem fogão gasto pelo uso, pelo abuso das refeições
fartas, que chamam todo mundo pra mesa da cozinha.
Sofá sem mancha?
Tapete sem fio puxado?
Mesa sem marca de copo?
Tá na cara que é casa sem festa.
E se o piso não tem arranhão, é porque ali ninguém dança.
Casa com vida, pra mim, tem banheiro com vapor perfumado no meio da tarde.
Tem gaveta de entulho, daquelas que a gente guarda barbante,
passaporte e vela de aniversário, tudo junto...
Casa com vida é aquela em que a gente entra e se sente bem-vinda.
A que está sempre pronta pros amigos, filhos...
Netos, pros vizinhos...
E nos quartos, se possível, tem lençóis revirados por gente que brinca
ou namora a qualquer hora do dia.
Casa com vida é aquela que a gente arruma pra ficar com a cara da gente.
Arrume a sua casa todos os dias...
Mas arrume de um jeito que lhe sobre tempo pra viver nela...
E reconhecer nela o seu lugar.
Imagens do Google
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"A VIDA é uma pedra de amolar; desgasta-nos ou afia-nos, conforme o metal de que somos feitos."
(George Bernard Shaw) 1856-1950

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